AFINAL, É ANGLICANO OU NÃO É?
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 5 de mai. de 2021
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Reverendo Padre Jorge Aquino.
Um fato bastante interessante e revelador me ocorreu essa semana. Fui procurado por uma noiva que gostaria que um sacerdote fizesse seu casamento religioso. No meio da conversa ela perguntou se eu era um padre Romano. Eu, mediatamente, esclareci os fatos e disse: “não! Eu sou um sacerdote Anglicano”. O que veio a seguir é que me trouxe essa surpresa e, de certa forma, uma enorme tristeza. Ela me disse ter entrado em contato com outros dois ministros religiosos que, ao serem perguntados se eram Anglicanos, o primeiro respondeu que não! Que era da igreja Católica de Rito Anglicano. O segundo padre simplesmente limitou-se a dizer que era um padre da Igreja de Cristo. Essas duas respostas me fizeram remoer o estômago. Afinal, eu conheço os dois ministros com quem aquela noiva conversou e sei que, ambos são Anglicanos. A pergunta que se impõe é: por que ministros Anglicanos ESCONDEM que são Anglicanos e criam uma “máscara” ou uma falsa “identidade” Católico-Romana? Em minha singela opinião, a única razão para que eles ajam dessa forma é o interesse comercial.
Ora, se vivemos em uma sociedade majoritariamente Católico-Romana, que desde o descobrimento foi colonizada por europeus que trouxeram esse ramo do Cristianismo com o qual, ainda hoje, a maioria dos brasileiros se identifica, identificar-se como “Anglicano” (um conceito que a maioria dos brasileiros desconhece) seria um empecilho para que eles pudessem “vender seu peixe”. Posso estar errado, mas algo, dentro de minha mente, me diz que não. Ademais, essa atitude de escamotear ou esconder a verdade dos fatos, servindo-se de meias verdades, também me parece transparecer uma certa vergonha de ser Anglicano.
Quero, portanto, deixar – de pronto - bem claro a todos os que me procuram, que sou um sacerdote Anglicano e não Romano. Respeito e admiro a tradição Romana e sou ciente da enorme influência que esse ramo do Cristianismo exerceu sobre o Anglicanismo. Mas entendo ser o Anglicanismo, a mais rica, a mais diversa e a mais ampla das tradições Cristãs. Isso, por óbvio, pode até gerar bastante conflito interno, mas também nos apresenta um espaço de ampla liberdade onde discordar é um direito e não um delito.
Assim, por sua diversidade, pela possibilidade de discordar sem ser perseguido, pela sua abertura ao diálogo com os demais Cristãos e com os não-Cristãos, pelo seu jeito de ser inclusivo e compreensivo para com todos (especialmente os marginalizados em nossa sociedade) e pela sua forma peculiar de fazer teologia – servindo-se tanto da razão quanto da Escritura e da tradição -, me orgulho de ser membro da Igreja Uma, Santa, Católica e Apostólica de Cristo, expressa na tradição Anglicana.

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