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ACERCA DO PECADO

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 28 de dez. de 2018
  • 3 min de leitura
pecado

Reverendo Padre Jorge Aquino

Muita coisa já foi escrita acerca do pecado. Muito embora esse não seja um tema dos mais agradáveis para a maioria das pessoas, parece ser um assunto deveras tentador para quem se preocupa muito com a vida das outras pessoas.

Creio que, se queremos principiar esse tema de forma adequada, o correto seria apresentar uma definição do tema e, em seguida, tecer algumas considerações que julgamos ser relevantes para seu melhor entendimento. Pois bem, quando buscamos um texto mais simples de teologia, a esmagadora maioria se inclinará a dizer que o pecado, conforme por exemplo o que vem escrito na questão 24 do Catecismo Maior de Westminster, é que ele é “qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou a transgressão de qualquer lei por Ele dada como regra, à criatura racional”. Em outras palavras, o pecado é um ato de aversão à vontade explicitada por Deus em sua lei. Geralmente os teólogos costumam dizer que nós pecamos com atos, omissões e pensamentos.

Uma segunda observação que gostaria de fazer é que o pecado, em geral, sempre foi associado a aspectos morais – mormente de natureza sexual. Dessa forma, verificamos que a Igreja assume uma postura bastante forte e incisiva quando estamos tratando de questões que ferem a moral sexual. Esta mesma postura incisiva e forte, contudo, parece ser menos percebida quando tratamos de pecados como a mentira, a calúnia, o consumismo, a corrupção e o enriquecimento ilícito. Na verdade, me parece existir uma enorme hipocrisia quando falamos sobre o pecado. Esta hipocrisia é a mesma que estava presente nos corações daqueles que estavam dispostos a apedrejar a mulher que fora pega em flagrante adultério, mas que desistiram quando, confrontados por Jesus, ouviram o desafio: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”. Ora, se ela foi flagrada na prática do pecado, onde está o homem que estava com ela? Como sempre, essa política policialesca de vigilância da vida alheia só atinge os menos poderosos – nesse caso, as mulheres.

Acreditamos fortemente que o pecado não deveria ser compreendido por meio de um viés moral, mas teleológico e ontológico. Em outras palavras, se procurarmos saber qual a origem da palavra “pecado” na Bíblia, nos depararemos com o termo grego “harmatia”, que significa “errar o alvo”. Quando examinamos o pecado como uma flecha que erra o alvo, inevitavelmente abandonamos a visão moralista de quem associa o “pecado” a aspectos meramente comportamentais e passamos a compreender que o pecado tem a ver com o “alvo”, ou seja, com o “fim” (telos) que damos para nossa vida.

Para além desse aspecto teleológico, o pecado também possui um aspecto ontológico. Visto que segundo as Escrituras nós fomos feitos conforme a imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1: 26, 27), o pecado nos retira da esfera do ideal e nos coloca na esfera do existencial. Somos ontologicamente pecadores porque nossa existência é marcada pela ausência da busca de cumprir o alvo que Deus estabeleceu para nossas vidas. Ora, segundo a Bíblia, Deus nos criou para o louvor de sua glória (Efésios 1: 12). Eis a finalidade adequada para todos os nossos atos, omissões e pensamentos. Tudo o que fazemos, não fazemos ou pensamos, deveria levar em conta a glória de Deus. Quando nos desviamos desse propósito, erramos o alvo e pecamos. Por isso a humanidade é hoje ontologicamente diferente do ser de Deus, ou seja, teve a imagem de Deus desvirtuada e corrompida, embora não destruída.

No perdão, nós não apenas passamos a buscar realizar o alvo e a vontade de Deus para nossa vida, mas também principiamos um processo de mudança de natureza que somente terminará quando Deus for tudo em todos. Nesse dia, o pecado não mais estará presente em nós. Mas, muito embora não saibamos quando isso ocorrerá, temos que nos lembrar que, pelo perdão, Deus nos livra da condenação do pecado; pela santificação (ou cristificação), Deus nos livra do domínio do pecado; e na glorificação, Deus nos livrará da presença do pecado.

Inicie hoje esse processo pedindo perdão a Deus por ter seguido seus projetos e seus ideais e não os de Deus. Peça ao Senhor que o Espírito Santo venha sobre você e o transforme, de fé em fé, restaurando-o à semelhança de Deus em sua existência.

 
 
 

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