
Padre Jorge Aquino.
Em geral, as pessoas têm uma impressão bastante difundida sobre um sacerdote ou sobre um ministro religioso. Elas gozam de uma grande estima entre a sociedade. Geralmente esta consideração se traduz em uma leitura de que os sacerdotes, ou ministros religiosos, gozam de muita autoridade.
Quando verificamos a origem da palavra “ministério”, nos damos conta de algumas verdades importantíssimas e paradoxais. Originalmente o termo grego que dá origem a essa palavra é diaconia, e significa “serviço”. Esta palavra é utilizada para se referir aos cargos e funções exercidas na Igreja cristã. H. Menoud nos diz que este termo em geral “se aplica ao ministério do apóstolo, aos diversos ofícios de certos fiéis, ao dever de todos os fiéis estarem a serviço de seus irmãos na comunidade” (MENOUD In VON ALLMAN, 1972, p. 252).
Um dos aspecto que devemos levar em conta neste termo é que o ministro não é aquele que domina, mas é sempre aquele que serve. Assim, servir é a vocação de quem deseja ser um ministro. Fazer isso é exatamente seguir o exemplo de Jesus, que não veio “para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10:45). Para Jesus, o serviço é a regra de grandeza em seu reino. Por isso, para ele, “o maior entre vós seja como menor; e quem governa como quem serve” (Lucas 22:26). Ao servir, estamos nos opondo à tendência natural do coração humano, mas estamos nos conformando à vontade de Deus.
Os escravos normalmente usavam uma coleira ao redor do pescoço. A essa coleira estava presa, sempre, uma corrente. Foi assim que surgiu o colarinho clerical. Ele surgiu como sinal de que somos servos e não senhores. O ministro é chamado a ser um servo e, em seu serviço, um pescador de almas. Há uma linda letra que apresenta essa realidade:
Tu, te abeiraste da praia Não buscaste nem sábios, nem ricos Somente queres que eu te siga
Senhor, tu me olhaste nos olhos A sorrir, pronunciastes meu nome Lá na praia, eu deixei o meu barco Junto a ti buscarei outro mar
Tu sabes bem que em meu barco Eu não tenho espadas nem ouro Somente redes e o meu trabalho
Senhor, tu me olhaste nos olhos A sorrir, pronunciastes meu nome Lá na praia, eu deixei o meu barco Junto a ti buscarei outro mar
Tu, minhas mãos solicitas Meu cansaço que a outros descanse Amor que almeja, seguir amando
Senhor, tu me olhaste nos olhos A sorrir, pronunciastes meu nome Lá na praia, eu deixei o meu barco Junto a ti buscarei outro mar
Tu, pescador de outros lagos Ânsia eterna de almas que esperam Bondoso amigo que assim me chamas
Senhor, tu me olhaste nos olhos A sorrir, pronunciastes meu nome Lá na praia, eu deixei o meu barco Junto a ti buscarei outro mar
Lamentavelmente, o que estamos vendo com mais frequência do que gostaríamos, é a transformação do ministério em uma forma de domínio e de exercício de poder. Se dizem servos dos servos de Deus, no entanto, exigem obediência e desejam ser servidos. Em momento algum refletem o caráter de Cristo, mas sim o daquele que desejava se assentar no trono de Deus. São déspotas que se transvestem de verdadeiros ministros de Cristo, mas que apenas expõem toda a empáfia e sórdida ganância de poder que em nada se parece com o Reino de Deus.
Que Deus tenha misericórdia dos que se arrependem desse comportamento vergonhoso e nos faça sempre verdadeiros servos dos servos de Deus e, assim, nos torne aptos para realizar nossa missão e nosso ministério nessa terra.
Referência bibliográfica:
VON ALLMEN, J.J. (Org.). Vocabulário bíblico. São Paulo: ASTE, 1972
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