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ACERCA DAS REFERÊNCIAS TEMPORAIS DA EUCARISTIA

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 7 de dez. de 2021
  • 3 min de leitura

Reverendo Jorge Aquino.

Antes de mais nada, é importante ressaltar que entre os anglicanos nunca houve problemas em utilizar as mais diversas expressões que indicam a postura de cada ministro acerca do tema. Por isso, enquanto alguns sacerdotes falam em Santa Ceia ou Santa Comunhão, outros não tem qualquer problemas em falar sobre Santa Eucaristia ou Santa Missa. Como entre os anglicanos a postura teológica sobre o tema não é algo absolutamente definido, existe uma liberdade de expressão sobre o tema e uma liberdade em tratar sobre o assunto. Isso, obviamente, não significa que não existam balizas claras sobre o assunto.

Apesar dessa liberdade os anglicanos – discordando dos memorialistas - nunca questionaram a presença real de Cristo no sacramento da Eucaristia, muito embora nunca houvesse uma definição específica sobre a natureza desta presença. O que podemos dizer com absoluta certeza é que os 39 Artigos de Religião da Igreja da Inglaterra são enfáticos em ressaltar que uma possível tese como a da transubstanciação é absolutamente rejeitada. Apenas para lembrar, esta tese – estabelecida no quarto Concílio Lateranense, em 1215 - advoga a ideia de que no momento da consagração, a substância do pão e do vinho se transubstanciam em substância de corpo e sangue de Cristo. Assim, de acordo com o Artigo XXVIII, os anglicanos afirmavam que “A transubstanciação (...) na Ceia do Senhor, não se pode provar pelas Escrituras Sagradas; mas antes repugna as palavras terminantes das Escrituras, subverte a natureza de Sacramento e tem dado ocasião a muitas superstições”. Desta forma, muito embora os anglicanos creiam na presença real de Cristo na Eucaristia, jamais definiram de que forma essa presença ocorre.

Voltando para o debate acerca dos aspectos temporais da eucaristia, é importante ressaltar que, conforme afirma J.I. Packer, existem três níveis de significado para aqueles que dela participam. Em primeiro lugar, ela faz uma referência ao passado, vez que ao participarmos da Santa Eucaristia, estamos lembrando de sua morte vicária, expiatória e única, por nós. Estamos, portanto, nos lembrado de fatos reais e históricos que mudaram a história. Por isso São Paulo, ao escrever sua primeira carta aos Coríntios faz referência às palavras de Jesus quando diz: “Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim” (I Co 11: 24, 25).

Em segundo lugar, há o aspecto presente que aponta e sinaliza para nossa alimentação, uma vez que, pela fé, nos alimentamos verdadeiramente do Corpo e do Sangue de Cristo. Esta alimentação espiritual nos fortalece não apenas individualmente, enquanto cristão, mas também comunitariamente, enquanto membros da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. No entanto, quando participamos da Comunhão, também estamos dando graças (eukaristizô) pelo que ocorreu no passado e pelo fortalecimento de seu Corpo – a Igreja - no presente.

Por fim, em terceiro lugar, a eucaristia nos aponta para o futuro, quando nos diz que aquilo que fazemos aqui é um sinal do que ocorrerá quando Cristo vier e reunir a todos os seus filhos em torno da Ceia do Cordeiro. “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha (I Co 11: 26). Impossível não lembrarmos da promessa feita pelo Senhor quando instituiu a Eucaristia: “E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai” (Mt 26: 29).

Para encerrar, acho significativo as palavras de Packer quando afirma: “Cristo, por meio do Espírito, concede aos adoradores um verdadeiro gozo de sua presença pessoal, atraindo-os à comunhão com ele no céu (Hb 12: 22-24), de forma gloriosa e bem real, não obstante indescritível”. De fato, participar da Santa Eucaristia é um antegozo da comunhão plena que teremos quando com ele estivermos e quando nos assentarmos à sua mesa. Esta alegria antecipada, nos é possibilitada pelo Espírito Santo por meio da graça que nos é comunicada no sacramento eucarístico. Que esta alegria nos fortaleça e nos torne mais cientes de todas as graças que ele nos concede e quer que compartilhemos com os que ainda não o conhecem como Senhor e Salvados.



 
 
 

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