ACERCA DA HUMILDADE
- Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
- 21 de out. de 2021
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Reverendo Jorge Aquino
Parece que a humildade é um padrão de comportamento universalmente aceito e desejável entre os cristãos. No entanto, quando observamos a vida real, parece que são poucos os cristãos que, realmente, desejam vivenciar esse comportamento. Antes de mais nada, o “impostor que habita em nós”, para usar uma expressão de Brennan Manning, não nos permite fugir aos padrões de vitória e glamour que é esperado dos cristãos hoje. Hoje em dia, o verdadeiro cristão vive uma vida de vitória! Tem tudo o que quer: casa própria, sucesso na vida pessoal, matrimonial e profissional, é sempre elogiado como exemplo pelos demais, não adoece e jamais se deprime.
Que diferença do que lemos sobre Jesus Cristo, aquele que “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Filipenses 2:6-8). Sim, Jesus foi nosso maior exemplo de humildade. Ele nunca negou sua origem humilde, seu trabalho humilde de carpinteiro, sua família humilde em Nazaré. Ele sempre se apresentou como o “servo sofredor” profetizado por Isaías. Ele admitiu que mesmo os animais tinham seus ninhos e covis, ao passo em que ele não tinha sequer onde reclinar a cabeça. Mesmo o jumentinho que usou para entrar em Jerusalém – na festa de ramos -, ou o túmulo no qual foi sepultado, eram emprestados. E o que dizer da cruz? Bem, nem ela era dele; a cruz pertencia a mim e a você, que está lendo estas palavras. Ele a tomou em nosso lugar, para que nós pudéssemos ter a vida eterna.
Lamentavelmente, tenho que dar meu assentimento ao irmão Brennan Manning, quando ele afirmou que a grande fraqueza da igreja (e dos cristãos) como um todo, “está na recusa em aceitar nossa ruína. Nós a escondemos, afastamos, escondemos, douramos. Pegamos o estojo de maquiagem e nos produzimos para nos parecermos admiráveis ao público”. Desta forma, apresentamos às pessoas uma espiritualidade íntegra e verdadeira, quando, na verdade é superficial e ilusória. Assistimos celebrações que parecem tocar o céu, quando na verdade, não passa de uma retroalimentação de nossa vaidade. E qual a maior prova de nossa falta de humildade? Ela se encontra quando alguém aponta para nossas faltas. Não podemos conviver com o fracasso ou com a queda. “Homens de Deus” são sempre fortes e irrepreensíveis. A história mostra quem nem a igreja, nem muito menos seus líderes – ou eu mesmo -, sempre experimentou a glória durante sua existência. Durante os três anos e meio de aprendizado, muito pouco tempo foi gasto por Pedro, Tiago e João, sobre o monte no qual a face de Jesus se transfigurou e a voz de Deus foi ouvida. Na maior parte das vezes, os discípulos estavam entre pessoas adoecidas, pecadoras e que sofriam de todas as circunstâncias normais à todos os seres humanos.
Ser verdadeiramente humilde é ser sincero. Sincero o bastante para não precisar esconder seus defeitos, suas falhas, suas fraquezas e suas deficiências. Reconhecer nossa condição e nossa limitação é o primeiro passo para quem deseja experimentar, em sua vida, a alegria acerca da qual falou Jesus: “Felizes os humildes de espírito” (Mateus 5:3). Se você deseja essa felicidade para sua vida, olhe para Jesus, tome diariamente a sua cruz e siga-o com sinceridade de coração.

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