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Acerca da culpa

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 5 de mar. de 2020
  • 3 min de leitura

Reverendo Padre Jorge Aquino.

Quando ouvimos a palavra “culpa” imediatamente torcemos o nariz. Isso ocorre porque em nossa sociedade as pessoas não sabem lidar muito bem com a existência dessa realidade e desse sentimento. Faz-se de tudo para se evitar sentir culpa. De fato, a culpa tem a tendência de nos transformar em fracassados e de imprimir sobre nós uma mancha difícil de sair.

O que não queremos perceber é que reconhecer nossa culpa é um gesto que, ao invés de nos trazer vergonha e nos impor um peso sobre as costas, nos liberta desse mesmo peso. Em seu livro O Evangelho maltrapilho, Brennan Meanning nos diz que “a culpa saldável é a que reconhece o malfeito e sente remorso, mas em seguida abraça o perdão oferecido. A culpa saldável concentra-se na percepção de que tudo foi perdoado, de que o erro foi redimido” (MEANNING, 2005, p. 118).

A culpa maléfica é aquela que não admite o erro cometido, ou que procura transferir para outro a responsabilidade. Mais ou menos como no diálogo entre Deus e Adão, quando Deus pergunta sobre quem o fez ver que estava nu e Adão responde: “a mulher que tu me deste”. Esta, quando foi questionada pelo que havia feito, fez a mesma coisa, ou seja, jogou a culpa na serpente. O rei Davi, consciente do adultério que havia cometido, chegou a dizer: “Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio” (Salmo 32: 3,4). Por isso, confessar a culpa é fundamental.

Certa vez escreveu John Claypool, citado por Meanning: “Todos temos sombras e esqueletos em nossa história pessoal. Mas ouça, há algo maior nesse mundo do que nós, e esse algo maior é cheio de graça e misericórdia, paciência e inventabilidade. No momento em que o foco da sua vida muda da sua maldade para a bondade dele, o momento em que a pergunta deixa de ser ‘Oque foi que eu fiz?’ e passa a ser ‘O que ele pode fazer?’, a libertação do remorso pode acontecer” (CLAYPOOL In MEANNING, 2005, p. 118). Este é o momento em que o rei Davi diz: “Confessei-te o meu pecado e a minha maldade eu não encobri; dizia eu: confessarei ao Senhor as minhas transgressões e tu perdoas-te a maldade do meu pecado” (Salmo 32: 5).

Esse é o verdadeiro cristianismo. Não uma religião que vive a apontar os erros e os pecados dos outros, mas a revelar a graça que superabunda onde abundou o pecado. Sobre isso, Meanning escreveu: “O cristianismo acontece quando homens e mulheres aceitam com inabalável confiança que seus pecados não foram apenas perdoados mas esquecidos, lavados no sangue do Cordeiro” (MEANNING, 2005, p. 119). Aos pés da cruz, o cristão encontra a remissão para seus pecados e a paz para o seu coração. Nenhuma acusação terá o condão ou o poder de tirar a certeza do perdão que custou o sangue de Jesus derramado em nosso lugar. A graça sempre abundará, onde um dia abundou o pecado. Assim, “culpa” é um assunto já resolvido para um cristão.

É por isso que São Paulo é tão enfático em suas perguntas: quem intentará acusação contra um escolhido de Deus se é Deus quem o justifica? Quem o condenará se foi Cristo quem morreu, ou antes, quem ressuscitou dentre os mortos, e está a direita de Deus intercedendo por nós (Romanos 8: 33, 34). Sim, o cristianismo é uma religião de pecadores, mas de pecadores redimidos e perdoados por Jesus. Não existe espaço para a culpa se esta já foi confessada. E uma vez confessada, nossos pecados são – diz metaforicamente a Bíblia - jogados nas profundezas dos mares.

 
 
 

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