
Padre Jorge Aquino.
Como a própria palavra indica, “aliança” é um anel usado para simbolizar um acordo ou compromisso. A origem desta palavra está no latim alligare, que aponta para uma relação de proximidade, de união. Fazer uma aliança com alguém é fazer um acordo, um pacto, enfim, uma união. Desta forma, o anel com nome de aliança é um testemunho do pacto feito entre o marido e sua esposa.
Com uma provável origem hindu, os egípcios, por volta de 2800 a.C., já usavam um anel para simbolizar o laço matrimonial. Para eles, um círculo, não tendo começo nem fim, representava a eternidade à qual a união se destinava. Por volta de 2 000 anos depois, os gregos descobriram o magnetismo, que acabou, também, influindo nessa simbologia. Como eles acreditavam que o terceiro dedo da mão esquerda possuía uma veia que levava diretamente ao coração, passaram a usar nele um anel de ferro imantado, para que os corações dos amantes permanecessem para sempre atraídos um pelo outro. Este costume foi adotado pelos romanos que chamavam esta veia de “venaamoris” e a Igreja Cristã manteve a tradição.
No início a aliança era tida como um certificado de propriedade ou de compra da noiva, indicando que a mesma não estava mais disponível para outros pretendentes. Como vemos as alianças não eram consideradas um sinal de amor, mas eram relacionadas com o dote que a noiva trazia para o casamento, que muitas vezes era negociado pelos pais dos noivos. Ela era, portanto, uma testemunha do tempo em que os casamentos eram considerados um negócio, ou seja, um contrato entre famílias, a fim de garantir a segurança econômica do casal.
Somente a partir do século IX a Igreja Cristã adotou a aliança como um símbolo de união e fidelidade entre os casais cristãos. Já o anel de noivado, por seu turno, foi introduzido no ano 860, por decreto do papa Nicolau I (858-867), que o instituiu como uma afirmação pública obrigatória da intenção dos noivos. Foi a partir de então que a aliança passou a sair da mão direita para a mão esquerda. Para representar a aproximação do compromisso definitivo. Do lado esquerdo, ela fica mais próxima do coração.
Hoje as alianças são “sinais visíveis de uma graça invisível”, ou seja, um “elemento sacramental” do amor. Quando vemos alguém usando uma, estamos diante não de uma propriedade de um senhor feudal, mas de uma pessoa que assumiu um compromisso perpétuo de amor e de fidelidade. E assim o é porque a palavra “sacramento”, em sua origem latina - sacramentum - significa “sinal visível de uma graça invisível”.
Em um casamento, a “graça invisível” é o amor que une o casal, mas o sinal visível deste amor são as alianças, trocadas com a promessa ou os votos de amor eterno e de fidelidade.
Quais as consequências deste gesto? Para muita gente, nenhuma. É apenas um gesto que faz parte do rito do casamento. Mas não deveria ser assim. Um casal que compreende bem o sentido do rito sacramental entende que as alianças devem ser respeitadas como um “sinal” de que o próprio Deus uniu o casal. Como o matrimônio nas igrejas Anglicanas, têm o status de Rito Sacramental, Deus mesmo nos dá um sinal de sua bênção ao casal, na forma do amor que une os dois.
Às vezes vejo casais que, diante das primeiras crises, resolvem retirar as alianças e jogar fora. Lamento muito por isso. Este é o gesto supremo de desistência de um caminho e de um sonho que foi trilhado a dois.
Caros casais. Diante de quaisquer dificuldades, olhem para suas alianças. Elas lhes farão lembrar de que o amor de vocês é preciso como o metal do qual elas foram feitas; elas lhes farão lembrar, em sua circularidade, que o amor é eterno, sem início e sem fim o que significa que o amor de vocês nasceu primeiro no coração de Deus; e elas lhes farão lembrar que vocês têm um compromisso para com o outro. Jamais retirem suas alianças e olhem sempre para elas como quem olham para o “sinal” de Deus presente sempre na vida de vocês. Que Deus os abençoe sempre.
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