
Padre Jorge Aquino.
Dizem as Escrituras Sagradas no livro do profeta Amós 3:3: “Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?”. Com base nesse versículo procuraremos expor, neste breve texto, falar sobre a importância dos acordos para que o casal possa viver uma vida mais feliz e tranquila, tentando evitar boa parte dos percalços que aparecem naturalmente. Para tanto falarei de, pelo menos, três fatos que tornam os acordos feitos entre o casal, extremamente importantes.
1. Os acordos são importantes porque estabelecem um comportamento.
Fazer um acordo é estabelecer um padrão de comportamento que seja isonômico para os dois. Quando os acordos são celebrados no mundo civil, espera-se que as partes contraentes cumpram o que ficou estabelecido. Isto também é válido para a realidade dos casais. Quando nos casamos, estamos na realidade, fazendo um acordo que estabelecem comportamentos para o resto da vida em comum.
Os acordos podem ser sobre os mais diferentes temas. É possível, por exemplo, que um dos itens acordado com sua esposa estabeleça que você não deva dar carona a nenhuma mulher e nem ela a nenhum homem; é possível que vocês tenham feito um acordo distribuindo os custos da casa; é possível que vocês tenham feito um acordo sobre o uso do e-mail ou das redes sociais; é possível que vocês façam um acordo concordando que só irão beber algo no sábado e que o domingo será dedicado ao descanso. O que importa é que o casal seja sempre capaz de fazer os acordos e que eles sejam sempre respeitados. Pois, como dizem os juristas, “o acordo entre as partes tem força de lei”.
2. Os acordos são importantes porque trazem tranquilidade e segurança.
Quando estabelecemos acordos podemos nos tranquilizar, porque sabemos (ou confiamos) que aquilo que foi acordado será cumprido. É muito difícil conviver com uma pessoa que muda de opinião ou de comportamento o tempo todo. É complicado conviver com quem reage de forma diferente diante do mesmo estímulo. Esta pessoa se transforma em uma caixa de surpresas.
Mas quando sabemos e confiamos que o comportamento será de acordo com o que foi acordado, não há espaço para a insegurança ou desconfiança. Podemos descansar na certeza de que a palavra de nosso cônjuge será cumprida. Para assumirmos este grau de confiança precisamos amadurecer e vencer nossos medos.
3. Os acordos são importantes porque todos saem satisfeitos.
A satisfação das partes se baseia na capacidade que as partes têm de ceder. Senão não é acordo, é imposição, é ditadura. O parceiro não tem escolha. Ou é daquele jeito ou está tudo acabado. Isto não é acordo é imposição. Todo acordo precisa ser sinalagmático porque envolve deveres e direitos para ambas as partes.
A satisfação do acordo reside na capacidade mútua de ceder, de abrir mão e de negociar. Quando isso ocorre sabemos que o outro está se esforçado para ficar ao nosso lado e isso traz satisfação.
Mas há algo acerca dos acordos que precisa ser lembrado. Eles podem – e muitas vezes são – renegociados. Por quê? Porque ninguém permanece a mesma pessoa durante toda a vida. Nós mudamos, as circunstâncias mudam, o mundo muda, enfim, somente uma pedra (sem vida) não muda. Tudo o que está vivo está em constante mutação, desde nossas células, até os sistemas galácticos. Tudo o que está vivo está em constante mudança ou em troca com o mundo exterior. Tudo flui, dizia Heráclito, por isso, os acordos precisam ser refeitos de tempos em tempos. Por isso certo pensador afirmou já ter casado três vezes com a mesma mulher. Para tanto é preciso ter a capacidade de negociar, ceder, abdicar e se ajustar a novas realidades. Mas saibam, sem acordo, é impossível que o casal permaneça junto.
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