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A DITADURA DA IMAGEM

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 30 de dez. de 2020
  • 3 min de leitura

Reverendo Padre Jorge Aquino.

Certo dia, enquanto voltava pra casa com minha esposa, discutíamos acerca da quantidade de “curtidas” que um excelente texto que havíamos lido tinha em relação à de uma imagem bastante apelativa. A situação era desproporcional. Enquanto aquele excelente texto estava com umas doze “curtidas”, a foto já somava mais de duzentas. Diante desta realidade começamos a conversar sobre nossa sociedade, sobre os meios de comunicação e sobre as mídias eletrônicas e sua influência nos conceitos e paradigmas das pessoas. Diante desta conversa chegamos à conclusão de que uma das maiores maldições de nossa sociedade é a superficialidade.

Quando olhamos para as mídias como o “facebook” ou o “instagram”, por exemplo, é notória a superficialidade das informações. Desde aquelas que estão registradas – afinal de contas você REALMENTE NÃO TEM mais de mil amigos (talvez uma pessoa normal deve ter uns três ou quatro bons e verdadeiros amigos) – até aquelas que aparecem no feed. Quando nos deslocamos para o “in Box” vemos a total incapacidade das pessoas em desenvolverem uma conversa consistente sobre qualquer tema com qualquer outra pessoa. A impressão que tenho é tripla. Em primeiro lugar, estes espaços não apresentam a realidade como ela é, mas a realidade como queremos que as pessoas vejam; uma máscara de como queremos que as pessoas nos vejam. Não é, portanto, incomum observar no instagram de casais em crise mensagens extremamente amorosas e fotos absolutamente lindas revelando um casal perfeito e harmonioso.

Em segundo lugar, vivemos em uma realidade em que ninguém se aprofunda mais em seus relacionamentos. Tudo ocorre “virtualmente” no “ciberespaço”. Que tipo de relações pessoas assim desenvolvem no presente e desenvolverão no futuro? Isto me faz lembras as palavras do filósofo Walter Benjamim, que disse certa vez: “o homem de hoje não cultiva o que não pode ser abreviado”. Em razão disso, hoje entendo a razão pela qual meus antigos alunos de direito tinham tanta dificuldade em ler os livros que eu sugeria. De fato, em mundo que se acostumou com realidades rasas, buscar aprofundar algo parece um contrassenso.

Em terceiro lugar, me lembro das palavras de Nietsche dizendo que quando você for casar procure aquela pessoa com quem você se veja conversando até a sua velhice. Confesso que já namorei uma garota que, quando estava em silêncio era uma ótima pessoa. Mas tenho que reconhecer que Deus guardou o melhor para o final. Minha esposa é uma pessoa com quem eu posso discutir desde os grandes temas de política internacional e nacional, até os tipos de aplicação que podem ser feitos na bolsa de valores. Quantas e quantas vezes nos surpreendemos ao ver que horas se passaram enquanto discutíamos as ideias de Foucault ou de Nietsche.

Meu querido leitor, se você está noivo(a) pense bem nos critérios que farão com que você case ou não com esta pessoa. Nós vivemos na sociedade da imagem, do ícone, da aparência. E eu quero lembrá-lo que “o essencial é invisível aos olhos”. Não busque apenas um par de bíceps ou pernas bonitas. Pense mais adiante. Pense mais elevado. Pense em uma pessoa que será sua companheira de toda uma vida. Pense em alguém com quem você compartilhará os melhores e piores momentos; a saúde e a doença. Mas, acima de tudo, pense em alguém que pode fazer de você uma pessoa melhor. Desta forma, pense em casar com alguém com quem você possa desenvolver um relacionamento profundo e exitoso.



 
 
 

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