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A CONDUTA DO MARIDO CRISTÃO

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝

Reverendo Pe. Jorge Aquino.

“Vos, marido, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, a fim de santificar, tendo-a purificada com a lavagem da água, pela palavra” (Efésios 4: 25, 26).

Estamos experimentando uma crise de conduta e de comportamento em nossos dias. Esta crise tem como fundamento, em grande parte, as alternâncias de papéis que ocorreram em todos os setores da sociedade a partir do meio do século XX.

Sem querer fazer qualquer tipo de juízo de valor sobre estas enormes mudanças que ocorreram e que estão ocorrendo, há algumas verdades bíblicas que, julgo, devem sempre ser lembradas por aqueles que se assumem como cristãos. E uma delas tem a ver com a conduta e com o papel do marido em uma relação conjugal.

No contexto do texto bíblico citado acima – texto aliás profundamente criticado hodiernamente, São Paulo fala do papel de cada membro da família. Começaremos, nesta oportunidade, a abordar a conduta dos maridos. Neste texto é possível encontrar pelo menos três verdades acerca do papel específico do marido na relação.

1. Uma ordem a ser seguida. “Vós maridos, amai a vossas mulheres”. A primeira grande verdade sobre a conduta dos maridos é que eles receberam uma ordem para amar suas mulheres. Esta ordem de Deus parece algo extremamente óbvio e desnecessário, mas não é. É preciso lembrar que estamos lendo um texto escrito em uma sociedade na qual as pessoas se casavam em função de acordos sociais ou envolvendo as famílias dos noivos. Em geral, as pessoas somente conheciam seus cônjuges poucos meses ou semanas antes de se casarem. A grande questão que envolvia o casamento neste período, era o direito de sucessão e não os sentimentos dos noivos. Hoje, por óbvio, o amor é visto como uma realidade muito mais exigível e necessária quando se pretende contrair matrimônio.

Quando pensamos sobre a necessidade do amor, imediatamente nos detemos para refletir sobre o tipo de amor que é exigido de nós, os maridos, neste texto. De fato, uma observação mais atenta nos fará perceber que o tipo de amor que é exigido aqui é bastante interessante. Paulo poderia ter usado a palavra eros – de onde vem a palavra erótico - para se referir à paixão sexual do homem pela mulher; ele poderia ter usado a palavra phileo, que era empregada para se referir à afeição existente no seio de uma família. Mas ele usa a palavra grega agapao, que se refere ao “amor que não guarda qualquer resquício de egoísmo, que não procura a satisfação própria, nem mesmo afeição como resposta à afeição, mas que luta pelo mais alto bem da pessoa amada” (Francis Foulkes). Paulo usa a mesma palavra que descreve o amor que Deus tem por nós.

Diante do exposto, é possível afirmar, peremptoriamente, que o amor é a expressão máxima de qualquer relacionamento e é justamente isso que Deus exige dos maridos. Não há relacionamento suficientemente profundo sem que o desenvolvamos em amor; de fato, não há relacionamento sem amor.

Em nossa sociedade as pessoas parecem querer se enganar por meio das redes sociais. Qualquer pessoa razoavelmente inteligente sabe que os relacionamentos “desenvolvidos” nestes sítios são marcados pelo signo da superficialidade. Em resumo, quando se afirma ter 500 “amigos”, na realidade, se é indigente de afetividade. Por meio da internet temos acesso a milhares de pessoas, mas os relacionamentos estão cada vez mais superficiais. Não é este o propósito de Deus para sua família. A vontade de Deus é que haja um relacionamento sempre crescente em amor.

2. Um modelo para este amor. “como também Cristo amou a igreja”. O modelo do amor que é exigido dos maridos, neste texto, se baseia na relação de amor de Cristo para com a igreja. Esta metáfora aparece desde o Antigo testamento, onde Javé se apresenta como o marido que ama a Israel.

O amor de Cristo é um amor que é capaz de se doar, ou, como diz a Escritura, “a si mesmo se entregou por ela (v. 26)”. O maior gesto de amor feito por Deus por suas criaturas foi encarnar-se e morrer por elas. Ao encarnar-se ele assume uma postura de empatia frente à humanidade. Ele é capaz de sofrer e de sentir o que o “outro” sente. Este é o sentido da palavra empatia: “em”, mais “patos”, ou seja, ser capaz de sentir a mesma dor ou de levar a mesma dor dentro de si. Porque nos ama, Deus assume nossa humanidade e se torna capaz de sentir nossa dor.

Para além da encarnação, foi sobretudo sua entrega à morte sua maior expressão de amor. São João diz que: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito”. A maior prova do amor de Cristo por nós foi sua entrega à morte de cruz. Este tipo de amor que é capaz de se doar de forma tão radical, sem dúvida, é um amor destituído de egoísmo.

Este é o tipo de amor que Deus espera que tenhamos por nossas esposas. Um amor que nos faça, primeiro, aptos a sentir o que elas sentem; sentir seus medos, suas dores, sentir suas aflições e sermos solidários com elas. Este é o tipo e amor que Deus espera que tenhamos por nossas esposas, o tipo de amor que nos torna aptos a sacrificar nossa própria vida, nosso tempo, nossa atenção, nossa prioridade pela pessoa que amamos.

Um último aspecto que deve ser ressaltado é que este tipo de amor implica em uma decisão, o que abre nossa perspectiva para compreender que este amor é um amor volitivo muito mais do que um amor emocional. Não se trata de voltar nossa atenção para o que sente nosso coração. Os sentimentos amorosos podem ou não estar presentes e, de fato, eles virão e se irão. Mas o amor não é um sentimento e por isso, devemos amar como ato de vontade. Nas palavras de Patrick Morley “o amor que demonstramos é uma decisão tomada como ato deliberado da vontade. O amor bíblico é uma decisão, não um sentimento”. Talvez a maioria dos homens ainda não tenha entendido o grande amor de Cristo por sua igreja e por isso tenham dificuldade de amar suas esposas da mesma forma.

3. Consequências para um marido que ama. “a fim de santificar, tendo-a purificada com a lavagem da água, pela palavra”. É claro que quando se ama alguém este amor precisa ser expresso em gestos práticos, muito mais do que em palavras. No texto que estamos expondo podemos perceber que o amor de Cristo se reflete em duas palavras importantíssimas: santificar e purificar.

A primeira consequência do amor será a santificação. De acordo com as Escrituras, “santificar” significa reservar para o uso exclusivo, consagrar. A igreja é uma comunidade cheia de defeitos justamente porque é uma comunidade de pessoas, com todas as virtudes e defeitos que as pessoas têm. Mas quando lemos a Bíblia descobrimos que a igreja de Deus é chamada, inúmeras vezes de “santa”. A santidade, originalmente nada tem a ver com aspectos morais, mas funcionais. A igreja é santa porque é escolhida por Deus para servi-lo.

Da mesma, forma, quando falamos do amor de um marido que santifica a mulher, estamos nos referindo a um aspecto funcional, não moral. O marido santifica sua esposa porque a “separa” para um relacionamento exclusivo. A relação de amor é uma relação de exclusividade. Não há espaço, no coração que ama, para outro relacionamento que exija aquilo que o amor exige. Quem ama não pode repartir seu tempo, sua atenção, sua vida, seus planos, seus projetos e sua existência com mais ninguém. Não há amor que não exija absoluta exclusividade. Lamentavelmente muitos maridos demoram muito para entender isso e, quando entendem, as vezes já é tarde.

Além disso, como consequência, e ao lado, desta santificação se diz que este é também um amor que purifica. Ora, sabemos que purificar é limpar, retirar a sujeira, refinar, depurar. Como consequência do amor de Deus, a igreja se encontra santificada e purificada “pela água e pela Palavra”, em uma clara referência ao sacramento do batismo, ainda que estudiosos também encontrem aqui uma referência ao banho nupcial que era praticado tanto por judeus como por gentios, naquele tempo. A igreja, objeto do amor de Deus, não pode prescindir dos instrumentos que o próprio Deus dispõe para que a mantenha pura.

Da mesma forma, em um relacionamento onde o amor se desdobra em exclusividade é natural esperar que ocorra um refinamento e uma depuração deste relacionamento. O casamento é o espaço adequado para que haja um continuum de crescimento na humanidade e na pessoalidade. Maridos que amam suas esposas devem primar por manter um relacionamento rico, e que se enriquece cada vez mais, naquilo que somente os humanos são, pessoalidade. Ao buscar esta purificação, abandonamos tudo o que nos despersonifica e embrutece e nos inclinamos para tudo aquilo que nos torna pessoas melhores. Pessoas melhores serão sempre melhores maridos e esposas.

Do que vimos, ou interpretamos, no texto bíblico há, certamente, algumas informações que talvez você não concorde. Não há problema com isso. Não há problema se você discorda de algumas conclusões apresentadas aqui. Mas não há como questionar que o dom mais extraordinário que você pode dar a sua esposa é seu amor. Se você ama sua esposa lute para ser um marido melhor e isso, indiscutivelmente, implicará em aprender a desenvolver mais atenção, sensibilidade e cuidado por ela. Se você conseguir fazer isso, acredite, estará obedecendo à vontade de Deus e coroando sua relação de êxito.

 
 
 

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