
(Foto by Jardel)
Padre Jorge Aquino
Não há como negar que o dia do casamento é cheio das mais variadas formas de emoções. Se pudéssemos elencar esses sentimentos, certamente poderíamos colocar entre eles a apreensão, a ansiedade, o medo, e ao mesmo tempo, a alegria, a satisfação e a realização. Não é sem propósito que normalmente se diz que as noivas, nesse dia, ficam à beira de um ataque de nervos.
Para ser honesto, não conheço noiva que tenha dormido tranquila na noite anterior ao “grande dia”. Ela certamente acordou uma dezena de vezes durante a noite e seu estresse tomou contornos ainda maiores quando ela se olhou no espelho e viu o resultado da noite mal dormida. A situação fica pior à medida que o tempo vai passando. Ela tem medo de comer muito e não entrar no vestido; tem medo de atrasar no cabelereiro e fica, a todo tempo procurando saber se todos os fornecedores concluíram suas tarefas. Realmente esse é um momento tenso para todas as noivas.
Quanto aos noivos, com raras exceções, eles acordam tranquilos, tomam seu café da manhã sossegados e, alguns deles vão até fazer alguma atividade física para desopilar. Eles parecem não compartilhar da mesma ansiedade que acometem suas noivas.
No entanto, diante do altar, as coisas mudam. Aquele noivo outrora seguro e tranquilo, repentinamente se enche de ansiedade. Já presenciei noivos que começam a chorar quando assistem a entrada de sua noiva. Elas, por outro lado, parecem tomadas por um arrebatamento místico. Entram altivas no recinto com um lindo sorriso nos lábios e contagiam todos os presentes.
Somente nesse momento o noivo, finalmente, pode relaxar. Há uma mágica troca de olhar. Os dois se encontram, ele beija ternamente sua testa e ambos se voltam para o celebrante. Neste momento, o rosto dos dois reflete o mesmo sentimento de profunda alegria.
Essa alegria aumente na medida em que dizem “sim” quando questionados se realmente pretendem se receber no santo matrimônio, quando fazem os votos, quando trocam as alianças e finalmente, quando ouvem o celebrante dizer: “O noivo pode beijar a noiva”. Este é o momento da apoteose! Todos explodem em alegria e aplaudem aquele gesto cheio de carinho e de realização.
De repente os noivos se dão conta de que toda aquela ansiedade e apreensão, todos os receios e alarmes, todos os medos e temores, dão lugar a mais completa felicidade. Uma felicidade contagiante, porque se estende a todos os presentes, e duradoura, porque estará sempre ali na vida do casal, em cada momento de suas vidas, como uma memória que pode ser acessada para sanar todas as eventuais angustias que surjam em suas vidas.
Para mim, que celebro matrimônios a mais de trinta anos, esse é também um momento de imensa alegria. Toda a minha ansiedade – sim, eu também fico extremamente ansioso em cada cerimônia – dá espaço à alegria, no momento em que os dois se postam diante de mim. Quando desenvolvo minha homilia, quando os vejo repetirem os votos e quando abençoo os noivos ao final da cerimônia, me encho de felicidade ao poder fazer parte da inesquecível história de mais um casal. Trazer essa felicidade aos dois, me dá uma grande sensação de realização. Portanto, muito embora o casamento traga consigo esses sentimentos de ansiedade e apreensão, tudo se esvai em meio à grande alegria e felicidade que, rapidamente, preenche cada espaço nos corações dos presentes. A minha alegria só se completa, quando vislumbro a alegria do casal que, ao final de tudo, sai cantando e levantando o buquê em direção ao firmamento.
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