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14. AMAR É... Nunca permitir que o amor acabe

Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝Reverendo Padre Jorge Aquino ✝

Atualizado: 25 de mar. de 2022

Padre Jorge Aquino

Chegamos ao final de nossa reflexão sobre a essência do amor que aponta o melhor caminho a ser seguido. E agora, em (I Co 13: 8) encontramos o décimo quarto elemento que marca esta essência: “o amor jamais acaba”.

Procurando o texto na língua grega, língua em que o Novo Testamento foi escrito, na versão do Textus Receptus, transliterada para nosso vernáculo é assim que lemos: “Ê ágape oudepote ekpiptei”. Mas na edição de Kurt Aland, que trabalha com o Texto Ocidental se Lê: “Ê ágape piptei”, ou seja, omitem-se uma palavra e as duas primeiras letras da última palavra.

Temos, então, duas palavras diante de nós que devem ser levadas em consideração. A primeira é “oudepote”, que é um adjetivo adverbial. Esta primeira palavra significa, segundo Rienecker e Rogers (1985, p.320), “nunca”. Para Isidro Perreira, ela se traduz por “jamais”. Para Taylor ela significa “nunca, jamais”. E, finalmente, no dicionário de McKibben esta palavra é também traduzida por “nunca, jamais”.

A segunda palavra é “piptei”, um verbo, indicativo, ativo na terceira pessoa do singular de “piptô”. Conforme traduz Rienecker e Rogers (1985, p. 320), esta palavra significa “cair, falhar”. Isidro Pereira traduz por “cair, precipitar-se, sucumbir”. Taylor, por sua vez, traduz esta palavra por “caio, incorro; prostro-me; acabo-me, pereço”. Por fim, temos o dicionário de McKibben onde esta palavra é traduzida por “caio...me prostro... deixo de ser”.

Sabemos que esta palavra aparece muitas vezes no Novo Testamento. Em Mateus 7.23 lemos: “Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. O sentido aqui não é que Deus não “conheça” aquelas pessoas; o sentido é que Deus nunca se relacionou com elas da forma adequada em função das posturas que assumiram. Eles se afastaram de Deus, por isso nunca foram conhecidos por ele. Em Marcos 2:12 lemos: “Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: jamais vimos coisa assim!”. Aqui, a palavra “jamais” traz uma conotação de tempo dando a nítida impressão de que eles nunca haviam visto um aleijado ser curado, se levantar e andar.

E a segunda palavra aparece, por exemplo, em Mateus 15: 27 onde uma mulher Cananéia dialoga com Jesus expondo sua extrema humildade dizendo: “porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”. Em Lucas 10: 18 temos uma outra aparição da mesma palavra na boca de Jesus onde ele diz: “Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago”. Mas estranhamente, o texto de I Co 13:8 é traduzido por McKibben por “deixo de ser” ou de existir.

Nas traduções bíblicas que dispomos deste texto (I Co 13: 8a) começando com a Versão Almeida Atualizada vemos que lá está escrito: “o amor jamais acaba”. A Edição Contemporânea de Almeida traduz: “o amor nunca falha”. A tradução da CNBB diz: “o amor jamais acabará”. A Tradução Pastoral da Bíblia, por sua vez, traduz assim: “O amor jamais passará”. A Bíblia na Tradução Ecumênica diz: “o amor nunca desaparece”. Finalmente, a Bíblia na linguagem de hoje diz “o amor é eterno”.

Com base nos que expomos é claro que estamos vendo Paulo tratar aqui da duração do amor. E o que Paulo quer dizer é que o amor jamais deixará de existir, jamais passará ou jamais acabará. Este verbo, como vimos tem o sentido de “cair”, de “entrar em colapso” ou em “ruína”. Mas Paulo, conhecedor das Escrituras sabe que “as muitas águas não podem apagar o amor” (Cânticos 8:7). Diferentemente das línguas e das profecias, o amor permanecerá para sempre. O comentarista do texto de Broadman nos diz que o amor “é eterno. Nunca chegará ao fim, porque está fundamentado em Deus e Deus é amor. O amor durará tanto quanto Deus durar: para sempre. (...) se os homens deixam de ser dignos de amor, o amor não deixa de amar o indigno” (BROWN, 1984, p. 436). Champlin (s/d, p. 209), comentando este texto diz: “Ao falar sobre a natureza interminável ao amor, o apóstolo Paulo dá a entender aos crentes de Corinto como o orgulho deles, como a exaltação de ‘heróis’, como a sua sabedoria terrena, como as suas facções terminariam enfim, e como, na realidade, eram coisas que conduziam à autodestruição. Mas a vida cristã, inspirada pelo amor, tem uma ‘qualidade eterna’ a seu respeito, devendo ser buscada e prezada acima de tudo o mais”.

Como seria importante se os casais levassem em consideração esta expressão. Quando Paulo diz que o amor jamais acaba ele está se referindo ao “amor” em seu sentido puro e ideal. É claro que na vida real o amor pode acabar. O amor acaba quando o objeto de nosso amor morre, por exemplo. Embora permaneçam boas lembranças, o amor vai se esvaindo aos poucos. As vezes o amor concreto é sufocado pelas más ações e pelas palavras mal-ditas que machucam, ferem e humilham. O amor concreto pode ser sufocado pela amargura guardada por muito tempo no coração. Seríamos hipócritas se não compreendêssemos isso. No entanto, em nossos corações há e sempre haverá amor, porque Deus em nós está. Quem ama não se permite passar pelos perigos que citamos acima nem deixa o objeto de seu amor exposto a estes perigos.


Conclusão

Neste texto de I Coríntios 13, Paulo quer deixar bem claro para aquela comunidade extremamente complicada que o caminho mais importante é o caminho do amor (I Coríntios 12:31). Aquela era uma comunidade dividida entre grupos, uma comunidade que aceitava a imoralidade (pornéia) de um homem ir para a cama com sua própria madrasta, uma comunidade onde havia, de um lado, uma extrema licenciosidade sexual e de outro uma absoluta abstinência, uma comunidade em que as pessoas se embriagavam na Santa Eucaristia, enquanto outros passavam fome, uma comunidade cheia de dons espirituais e uma comunidade em que havia muita dificuldade em se crer na ressurreição de Cristo. Esta é a descrição da comunidade dos coríntios, à luz da leitura dos capítulos da carta.

No entanto, apesar de tantas dificuldades, Paulo apresenta – no capítulo 13, a resposta para todos os dilemas daquela igreja: o amor. O caminho do amor deve ser seguido pelos membros da comunidade porque devem seguir a Deus e Deus é amor (I João 4:8). Deus é aquele Pai que, por amor entregou seu próprio filho para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna (João 3: 16) e que estabeleceu como maior mandamento, o mandamento do amor (Marcos 12: 23-34).

O amor é o sentimento que nasce no coração de quem ama para nos fazer aptos a nos comportarmos como membros de uma nova comunidade. A comunidade do amor, que começa na família. Porque é na família que os filhos observam o comportamento de seus pais sendo pacientes, bondosos, resistindo ao ciúme descontrolado, não se ufanando, não sendo soberbos, não sendo inconvenientes, não sendo interesseiros nem exasperados, não se ressentindo do mal, não se alegrando com a injustiça e sim com o que é justo e verdadeiro, tudo sofrendo, tudo crendo, tudo espera e tudo suportando. Mas, sobretudo, comparado com a fé e com a esperança, o amor está acima de tudo porque o amor jamais acaba. Aqui ele faz uma comparação entre uma comunidade que se baseia no amor que permanece e a comunidade baseada nos dons que são passageiros.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALLMEN, J.J.Von. Vocabulário bíblico. Aste: São Paulo: 1972

BROWN, Roymond Bryan. In comentário bíblico de broadman, Vol 10, JUERP: Rio de Janeiro, 1984

CHAMPLIN, Rusel Norman. O novo testamento interpretado versículo por versículoVol IV. Milenium: São Paulo, sd

BARCLEY, William. As Obras da carne e o fruto do espírito. Vida Nova: São Paulo: 1988

CHOWN, Gordon & ZABATIERO, Júlio Paulo T. Chave linguística do Novo Testamento grego. Vida Nova São Paulo, 1985.

GREEN, Michael. To Corinth with love. Hodder and Stoughton: London, 1982.

Livro de Oração Comum: Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. Metrópole: Porto Alegre, 1988.

LOUW, Johannes P. & NIDA, Eugene A. Greek-english lexicon of the New Testament.United BibleSocieties: New York, 1989.

MORRIS, Leon, I Coríntios, Introdução e comentário. Vida Nova: São Paulo, 1983

PEREIRA, Isidro. Dicionário grego-português e portugês-grego. Apostolado da imprensa, Porto, 1984.

RIENECKER, Fritz & ROGERS, Cleon. Chave Linguìstica do Novo Testamento grego. São Paulo: Vida Nova, 1985

WUEST, Kenneth S. Jóias do novo testamento grego. Imprensa batista regular. São Paulo: 1986


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