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11 COISAS PARA NÃO DIZER A ALGUÉM QUE ESTÁ SOFRENDO

  • Foto do escritor: Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
    Reverendo Padre Jorge Aquino ✝
  • 9 de jan. de 2022
  • 5 min de leitura

Reverendo Jorge Aquino.

Dizer que esses últimos dois anos foram cheios de dor, de traumas, dificuldades e tristezas, é um eufemismo. Quase todas as famílias que conheço perderam alguém ou tiveram alguém que sofreu – ou ainda sofre - muito com a COVID-19. Se observarmos para o Brasil como um todo, veremos que – se levarmos em conta a subnotificação que certamente ocorreu -, com certeza, perdemos mais de 800 mil vidas para essa doença. Foi muita dor, sofrimento e medo que pairou – e ainda paira – sobre nossa cabeça.

Eventualmente, contudo, encontramos pessoas que passaram por esse sofrimento e, na condição de sacerdotes, ou mesmo de cristãos, somos obrigados a dizer algo a respeito. Antes de mais nada, eu diria: “Evite ser um daqueles ‘conselheiros infelizes’ aprendendo com os amigos de Jó”. Sim, ainda hoje pessoas sofrem e sofrerão, não apenas por causa da pandemia, mas pela perda de um ente querido, pelas consequências dessa doença, por causa de uma grande decepção na vida, o fim de um casamento, um acidente terrível, a descoberta de uma doença incurável e tantas e tantas outras razões.

Pensando nisso e sabendo que devemos ser pessoas que devemos aprender a "Chorar com os que choram” (Rm 12: 15), devemos por via de consequência, nos tornar um lugar de conforto para corações abalados e vidas destruídas. Por isso, penso que precisamos compreender que algumas coisas jamais deveriam ser ditas para quem está sofrendo. É sobre isso que escreveremos aqui.

Ao observarmos as Escrituras encontraremos o exemplo de alguém que perdeu tudo e teve que “ser consolado” por seus amigos. Com esses amigos, certamente, aprenderemos muitas coisas que não precisam ser ditas. Refiro-me ao exemplo de Jó que, depois de perder seus filhos, seus bens e sua saúde, ainda teve que enfrentar o escárnio de sua esposa e a “consolação” desastrosa de seus melhores amigos.

Na verdade, seus amigos eram honestos quando choraram com ele e reconheceram a profunda dor pela qual Jó estava passando. Eles realmente lamentaram tudo aquilo pelo qual Jó estava passando e, naturalmente, passaram a dizer o que achavam da situação e a oferecer seu consolo e a necessária correção para que Jó saísse daquela situação. A questão é que eles realmente não entendiam que, muitas vezes, as palavras que pronunciamos acabam por adicionar mais dor além daquela que a pessoa já está sentindo.

E é exatamente neste momento, quando tentaram explicar o que estava acontecendo com Jó, que eles deixaram de ser consoladores para se tornarem criadores e fomentadores de mais dor e mágoas. As coisas ficaram tão insuportáveis que, em um certo momento de suas longas explicações e jogos de culpa, Jó exclama: "... vocês são péssimos consoladores, todos vocês!” (Jó 16:2). Acredite, nós também corremos o perigo de seguir pelo mesmo caminho dos amigos de Jó: cheios de piedade, mas implacáveis.

Temos que ser honestos. Pode parecer muito difícil, mas, diante do sofrimento de um amigo, a maioria daquilo que dizemos pode parecer inútil e sem sentido. Por isso, você precisa aprender a não dizer algumas coisas. Os escritores Brian e Aubrey Sampson, nos sugerem 11 coisas que nunca deveríamos dizer àqueles que estão sofrendo.

1. Pelo menos...

Eis a primeira frase que somos tentados a dizer. É verdade que você está apenas tentando encontrar um "lado bom" em tudo aquilo pelo qual seu amigo está passando. Mas entenda, o que a maior parte das pessoas que sofrem precisam, principalmente nos primeiros momentos de dor, é apenas de sentir a dor. Tentar minimizar seu sofrimento com esse tipo de frase não é um bom começo.

2. Tudo acontece por uma razão

Isto até pode ser uma verdade. Mas quando alguém está sofrendo, a ultima coisa que ela precisa é de uma razão que explique o que parece não ter razão alguma. Sinceramente, você diria isso para um pai que acaba de perder seu filho para um câncer no cérebro? Ou para um filho que sabe que não verá mais sua mãe que foi vítima de um acidente aéreo e fez com que o avião se perdesse no oceano? Claro que não!

3. Deus precisava de um anjo

Quantas vezes nos utilizamos de argumentações antibíblicas ou até mesmo diabólicas, para explicar a dor do outro? Sinceramente, existe alguém que acreditaria que Deus realmente “precisa” de anjos ao seu lado?. Quem criou esse absurdo de que as pessoas se tornam anjos quando morrem? Uma má teologia – ou uma heresia – não pode confortar um coração dorido.

4. O tempo cura todas as feridas

Não há dúvida de que com o passar do tempo as feridas acabam sendo cicatrizadas. No entanto, as próprias cicatrizes podem trazer lembranças e sentimentos ruins que nos fazem sofrer. Por isso, seria muito simplismo dizer que a passagem do tempo, por si só, é o suficiente para curar todas as feridas e apaziguar toda a dor. A cura até pode vir, mas a dor pode ser sentida ao longo de toda a vida.

5. Você pode ter outro filho/conseguir outro emprego/ etc.

Quando perdemos alguém querido ou sofremos uma dor lancinante, dizer que é possível “substituir” a perda ou “compensar” a dor não é um bom caminho. É preciso permitir que as pessoas chorem suas perdas e sintam seu luto dentro de seu próprio tempo.

6. Você não deveria ter superado isso até agora?

É absolutamente fundamental compreender que o luto não segue um cronograma pré-fixado. Cada pessoa reage à sua perda de forma bem particular. O luto, por exemplo, é algo que cada um de nós precisa aprender a carregar, não a superar. E a velocidade em que isso ocorre varia de pessoa para pessoa e de caso para caso.

7. Você precisa seguir em frente.

Este tipo de afirmação insinua que certas coisas não devem mais doer, mas a vida real não é assim. Apesar de reconhecemos que, com a ajuda de Deus e de uma comunidade solidária, podemos continuar vivendo com mais firmeza e tranquilidade, a dor vai estar presente pelo tempo que for necessária.

8. Eu entendo o que você está passando.

Por mais que tentemos, ninguém pode, realmente, entender o que outra pessoa está passando e, lamentavelmente, esta linha de pensamento acaba trazendo a mensagem de que estamos comparando nossa dor com a deles. E, dessa forma, se nós superamos, logo ela também vai superar. Como seria fácil se todas as pessoas sofressem na mesma intensidade as suas dores e suas perdas. Mas, novamente afirmo: o mundo real não é assim.

9. Deus está no controle.

Muito embora isto seja verdade, elaborar um debate teológico não é a resposta para a dor de uma pessoa. Afinal, se Deus está no controle, porque isso aconteceu com meu filho ou com minha mãe? Deus não poderia fazer com que o que ocorreu não tivesse acontecido? Acredite, esse tipo de argumentação trará mais sofrimento do que consolo.

10. Você tem que ser forte.

Muitas vezes, quando queremos dizer “fortes”, estamos imaginando alguém "visivelmente bem". O problema é que, sem saber, estamos encorajamos os outros a camuflar os seus verdadeiros sentimentos e tristezas, em vez de expressá-los de forma saudável.

11. Só não pense nisso.

Como assim? Como pedir que alguém não pense naquilo que trouxe tanta dor a alguém? Quando a vida de uma pessoa muda de forma tão radical, é absolutamente impossível – senão inútil – pedir para que ela simplesmente não pensar no que ocorreu.

Gostaria de encerrar minhas palavras lembrando que a cura para nossos corações em uma sociedade pós-pandêmica, certamente, exige apenas uma coisa: amor. Não são as explicações ou as palavras mágicas que resolverão as dores das pessoas. Cada um de nós é convidado a participar de um grande ministério de cura que envolve não uma bela exposição teológica, mas um coração solidário. Nossa participação no processo de cura das pessoas se dá com poucas palavras, mas com muita compaixão, consolação, cuidado e conforto. Acredite, muitas vezes um simples abraço e uma lágrima falam mais alto que um belo discurso teológico. E na maioria das vezes é apenas disso que as pessoas precisam.

Que tenhamos a empatia e a sabedoria necessárias para sermos melhores cristãos e que consigamos acolher melhor aos que passam pela dor e pelo sofrimento. Que Deus – que perdeu seu próprio filho em uma cruz - seja nosso grande mestre e nos ajude a sermos mais sensíveis e mais efetivos em amar e acolher os que sofrem.



 
 
 

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